"É impossível o diálogo entre qualquer
tipo de conceito que remeta a equilíbrio no interior do sistema capitalista
agrário do agronegócio. Assim como a falácia do aquecimento global e os
créditos de carbono, a sustentabilidade é outro projeto de marketing que
envolve grandes corporações capitalistas ligadas também ao agronegócio no
intuito de mascarar o que, de fato, é a sua essência: a concentração, segregação
e desigualdade", diz o geógrafo Tiago Cubas.
(*)
Entrevista publicada originalmente na página do IHU-Online (Unisinos)
O
crescimento do agronegócio no Brasil está vinculado às "mudanças
neoliberais nas leis de política agrária", que possibilitaram a expansão
exorbitante do setor sucroalcooleiro, especialmente em São Paulo, diz Tiago
Cubas em entrevista à IHU On-Line. Apenas no estado paulista, a "produção
total da cana em 1990 era de 137.835.000 toneladas com 1.811.980
hectares", e aumentou para "386.061.274 toneladas com 4.914.670
hectares" em 2008, informa.
Segundo
o pesquisador, questões políticas favoreceram a expansão do setor na economia
brasileira. "Com a continuidade do PSDB no estado de São Paulo, com a
entrada do governo do PT no âmbito federal e com bastante vínculo construído no
estado com o agronegócio através do chefe de gabinete, Antônio Palocci, e o ex-ministro
de agricultura, Roberto Rodrigues, a agroindústria da cana-de-açúcar obteve
grandes investimentos e um enorme crescimento, tanto econômica como
politicamente", frisa.
Autor
da dissertação “São Paulo Agrário: representações da disputa
territorial entre camponeses e ruralistas de 1988 a 2009”, Tiago Cubas é
membro do grupo de pesquisa do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de
Reforma Agrária – NERA, e analisa os limites de desenvolvimento social em
regiões onde cresce a produção do agronegócio. Na semana passada sua
dissertação foi comentada na imprensa, e algumas matérias “distorceram o que
foi de fato nosso objetivo”, avalia.
A
pesquisa se propôs a “expor a luta pela terra e a luta para se manter na terra
produzindo a favor da soberania alimentar, consequentemente o protagonismo
camponês no enfrentamento com o capital no estado de São Paulo, bem como sua
representação, principalmente na grande mídia. Esse é um detalhe perdido
ironicamente na cobertura da dissertação recentemente defendida”, lamenta.
Na
entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Cubas comenta o comitê
estratégico para o agronegócio, anunciado pelo Ministério da Agricultura para
fortalecer o setor. "Para 2011/12 serão destinados no Plano Agrícola da
Agricultura e da Pecuária R$ 107,21 bilhões, isso revela um aumento de 7,2% em
relação ao plano passado. O que justifica o que dizemos até então é mostrar
que, segundo o Ministério da Agricultura, essa linha de crédito tem a intenção
de renovar os canaviais brasileiros, com destaque para o incentivo a própria
cana-de-açúcar, além da laranja e da pecuária. Para esse plano não existe
limite de crédito por estado; isso se dá por recursos oferecidos por linha de
investimento, e são três: custeio e comercialização (R$ 80,2 bilhões);
investimento (R$ 20,5 bilhões); e linhas especiais (R$ 6,5
bilhões)".
E
dispara: "Estava incluso no discurso de lançamento da presidente Dilma
Rousseff, em Ribeirão Preto em 17 de junho de 2011, um incentivo especial à
produção da cana-de-açúcar e à pecuária. Por isso houve a criação de uma linha
especial de crédito para a cana, por produtor, que será de um milhão de reais
para expansão e renovação dos canaviais; e para a pecuária, por produtor, que
será de 750 mil reais para compra de matrizes, produtores e custeio".
Tiago
Cubas (foto) é mestre em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho.
Confira
a entrevista.
IHU On-Line – Como o agronegócio tem se desenvolvido em São Paulo
nos últimos anos? Quais são as culturas que mais se desenvolvem e a que atribui
a expansão agrícola no estado?
Tiago
Cubas –
O agronegócio diria: “eu vou bem, obrigado”. Esse sistema – o agronegócio, que
é agricultura, ruralistas, Estado capitalista, imprensa corporativista,
transnacionais – tem se expandido com grande excelência no estado de São Paulo.
A partir principalmente dos anos 1990, com mudanças neoliberais nas leis de
política agrária, notamos, segundo nosso estudo, que as áreas do agronegócio
sucroalcooleiro, aí incluímos a agricultura da cana-de-açúcar e as
agroindústrias, cresceram exorbitantemente.
Em
São Paulo, a produção total da cana em 1990 era de 137.835.000 toneladas com
1.811.980 hectares, já em 2008 tivemos 386.061.274 toneladas com 4.914.670
hectares. Em 1990, a razão média era de 76,06 toneladas por hectare, e em 2008
a razão média era de 74,48 toneladas por hectare (com mais de 150 usinas
espalhadas pelo estado).
IHU On-Line – Quais as implicações do desenvolvimento do
agronegócio em São Paulo? Por que ele não estimula o desenvolvimento social e
favorece a pobreza relativa?
Tiago
Cubas –
Temos que lembrar dos fatores na escala internacional, como o crescimento no
preço de petróleo, que produziu pressão no início do século XXI para a retomada
da política do PROALCOOL, iniciada pela ditadura nos anos 1970. Com a
continuidade do PSDB no estado de São Paulo, com a entrada do governo PT no
âmbito federal e com bastante vínculo construído no estado com o agronegócio
através do chefe de gabinete Antônio Palocci, e o ministro de agricultura
Roberto Rodrigues, a agroindústria da cana-de-açúcar obteve grandes
investimentos e um enorme crescimento, tanto econômica como politicamente.
Palocci era prefeito de Ribeirão Preto, que há décadas era considerada o
coração do agronegócio no Brasil. Uma cidade enorme onde os donos da terra
impediram, há uns 50 anos, qualquer tipo de desenvolvimento econômico que
poderia ameaçar seu domínio. Então, continua sendo uma cidade de comércio e
serviços dependente da atividade agrícola, sem nenhuma outra indústria.
Tentamos
expressar nos mapas e nas análises da dissertação como as políticas públicas a
favor da agroindústria de cana e etanol foram acompanhadas pelas políticas
compensatórias e assistencialistas em vez de políticas emancipatórias para os
sem-terra. Assim, os usineiros e fazendeiros de São Paulo conseguiram repassar,
ao longo do tempo, qualquer responsabilidade com a questão social para o
estado, ao mesmo tempo em que – apoiando reformas neoliberais e antes disso: o
golpe do estado, a ditadura e jagunços – procuraram diminuir a capacidade do
Estado funcionar sem seu aval.
IHU On-Line – Outro dado do mapeamento diz respeito à concentração
de casos de violência no campo nas áreas em que houve expansão agrícola. Quais
as motivações desses conflitos?
Tiago
Cubas –
Existem várias possibilidades. Entretanto, a questão deveria ser: o agronegócio
trouxe miséria, ou a procurou a fim de aproveitar-se dela, ou ainda: a causou?
É importante notar que a imprensa corporativista pegou nosso estudo sobre seu
papel no conflito entre camponeses e ruralistas como modelos de construção de
sociedades distintos, disputando o território do estado de São Paulo, para
enfatizar, em sua reportagem da dissertação, uma relação geográfica alarmante
("agronegócio e pobreza relativa crescem juntos"), que os mapas no
estudo destacam. Então, sobre quais disputas de poder estamos falando?
O
Globo argumentou em sua reportagem da dissertação que o agronegócio
"trouxe também" miséria e violência, mas esta representação da
dissertação não faz parte de nosso trabalho. Há evidência, é claro, no sentido
de que a grande lavoura, ou latifúndio, ou agronegócio concentra não só a
terra, mas também riqueza e poder. Sua construção depende da desconstrução
(destruição) do que veio antes: ou as comunidades dos povos indígenas ou o
campesinato. Assim, garanta para ele a terra, a riqueza dela, mão de obra
dependente, e verá a continuidade de seu poder político, social e econômico.
Em
São Paulo, os donos da terra e do poder também subsidiaram grandes migrações
para o estado, ou dos chamados colonos da Europa (ou de homens e mulheres
camponeses do Nordeste, reduzindo-os a “proletariado”). A mídia corporativista
“fez de conta” que estes apareceram de repente, surpreendentemente, ao lado do
agronegócio, da miséria e da violência, como se fosse um acidente. Assim a
mídia se mostra contraditória até na reportagem de um estudo que mostra o
contrário: ela revela seu papel como um braço direito do agronegócio,
contribuindo para reforçar sua hegemonia na luta territorial. Até com a
reportagem de um estudo sobre seu papel na luta pela terra ela consegue
dissimular e desviar o olhar da realidade para a narrativa de sua escolha.
Então, é importante observar o papel de enfrentamento de movimentos
socioterritoriais, como o do MST, que buscam a emancipação dos seus territórios
frente a vertente capitalista agrária. Esses conflitos são causados pela
repressão e opressão direta dos ruralistas contra os camponeses que resistem e
se recriam no seu modo de viver (produção, trabalho acessório, cultura,
identidade).
IHU On-Line – Quais são as características econômicas, ambientais
e sociais de Ribeirão Preto, a capital do agronegócio brasileiro?
Tiago
Cubas –
Ribeirão Preto é um lugar terrível. Meu orientador morou lá durante anos e
escreveu uma história do lugar, publicado em português em 2012. É quente,
poluído e cercado de favelas (isso devido ao desordenamento territorial urbano
na especulação imobiliária e na falta de senso socioambiental). Isso porque o
agronegócio de cana destruiu toda sua proteção florestal para fazer seus
“mares” de cana, expulsou o campesinato do campo para a cidade, acabando com a
diversidade que prevaleceu até os anos 1960. Impediu todos os planos de
implantação de outras indústrias e brigou ferozmente para comprometer os
sindicatos e não deixar o MST se organizar. Com muita luta e a ajuda de alguns
setores da Igreja Católica, do movimento sindical e da USP, o MST conseguiu
ocupar e assentar 260 famílias na antiga fazenda da Barra dentro do município,
criando o Assentamento Mario Lago. É pouco, mas muito, dado ao absolutismo do
reino dos coronéis da burguesia agrária da região.
IHU On-Line – Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de
Agronegócio da FGV, informou em artigo recente que “a área plantada com grãos
no país cresceu 37%, enquanto a produção aumentou 178%”, e que há “51 milhões
de hectares plantados com grãos” no país. O que esses dados significam? Como o
senhor interpreta esses dados?
Tiago
Cubas –
É bom deixar claro que o problema aqui não é cana-de-açúcar, ou a soja, mas a
monocultura para agroexportação e, principalmente, o modelo de apropriação das
relações sociais e de poder que envolvem o agronegócio e os camponeses no
Brasil. Esses dados refletem a expansão do agronegócio em todo o país, e São
Paulo, como centro econômico e político nacional, não é diferente.
IHU On-Line – É possível estabelecer alguma relação entre o
agronegócio e a sustentabilidade? Esse é um modelo sustentável? Em que sentido?
Tiago
Cubas –
É impossível o diálogo entre qualquer tipo de conceito que remeta a equilíbrio
no interior do sistema capitalista agrário do agronegócio. Assim como a falácia
do aquecimento global e os créditos de carbono, a sustentabilidade é outro
projeto de marketing que envolve grandes corporações capitalistas ligadas
também ao agronegócio no intuito de mascarar o que, de fato, é a sua essência:
a concentração, segregação e desigualdade. É importante aí entendermos os
conceitos de essência do território e aparência do território. O território do
capital se situa em aparentar a realidade como discurso único, e essa é a sua
essência, a razão de não se explicar por completo, e assim ele se torna forte.
Esse território é legitimado então quando o que está posto é a resolução para
todas as coisas. Contudo, a imagem territorial (aparência) não pode ser
atribuída à totalidade, ela apenas faz parte de uma realidade muito mais
complexa do que vemos, o invisível (ou aquilo que ainda não foi escancarado).
O
território do agronegócio vive de sua aparência, porque a sua essência é não se
explicar, é ser uma propaganda ambulante de si mesmo e do seu “bem”. Esse
projeto publicitário, que envolve a imprensa corporativista, tenta convencer a
sociedade de que o desmatamento histórico – agora mais evidente na área da
Fronteira Legal da Amazônia –, as queimadas, os agrotóxicos, os transgênicos e
a exploração do trabalhador urbano e rural não são resultados do sistema do
agronegócio. Dessa forma ele propõe o discurso de que tem procurado se
estabelecer “sustentável”. O único modelo que conheço equilibrado, desde o seu
modo de vida e produção, é o modelo camponês (o conceito de modelo camponês
pode ser entendido como agricultor familiar que privilegia a solidariedade nas
relações sociais e o equilíbrio com o meio ambiente no intuito de desenvolver a
soberania alimentar lutando por políticas públicas emancipatórias). Mas para
que o modelo camponês se realize eficazmente, é preciso condições de políticas
de obtenção de terra desconcentradoras, subsídios à produção e à criação de
mercados alternativos.
IHU On-Line – O Ministério da Agricultura anunciou o lançamento do
comitê estratégico com empresários do setor do agronegócio para elaborar uma
agenda estratégica para fortalecer o agronegócio nacional. Como avalia o investimento
do governo nesta área?
Tiago
Cubas –
Dos planos de 2002/2003 para os planos de 2010/2011 tivemos tanto no Plano
Safra da Agricultura Familiar – PAF como Plano Safra da Agricultura e Pecuária
– PAP capitalista um aumento nos recursos direcionados para agricultura
camponesa e para agricultura capitalista. A divergência que podemos apontar ao
interpretar os dados é que o aumento foi muito maior para os investimentos
voltados para agricultura capitalista. De 2002/2003 para 2010/2011 o PAP
aumentou seus investimentos cerca de R$ 79,5 bilhões, e o PAF aumentou cerca de
R$ 14,6 bilhões. Apesar de proporcionalmente o crescimento ser semelhante à
diferença absoluta, esse dado é significativo, pois aponta para o
prevalecimento (dos interesses) do território do paradigma do capitalismo
agrário nas políticas públicas para o campo.
Para
2011/2012 serão destinados no Plano Agrícola da Agricultura e da Pecuária R$
107,21 bilhões, isso revela um aumento de 7,2% em relação ao plano passado. O
que justifica o que dizemos até então é mostrar que, segundo o Ministério da
Agricultura, essa linha de crédito tem a intenção de renovar os canaviais
brasileiros, com destaque para o incentivo a própria cana-de-açúcar, além da
laranja e da pecuária. Para esse plano não existe limite de crédito por estado;
isso se dá por recursos oferecidos por linha de investimento, e são três:
custeio e comercialização (R$ 80,2 bilhões); investimento (R$ 20,5 bilhões); e
linhas especiais (R$ 6,5 bilhões).
Estava
incluso no discurso de lançamento da presidente Dilma Rousseff, em Ribeirão
Preto em 17 de junho de 2011, um incentivo especial à produção da
cana-de-açúcar e à pecuária. Por isso houve a criação de uma linha especial de
crédito para a cana, por produtor, que será de um milhão de reais para expansão
e renovação dos canaviais; e para a pecuária, por produtor, que será de 750 mil
reais para compra de matrizes, produtores e custeio.
Já
para o Plano Safra do Agricultor Familiar de 2011/2012, que é para o
campesinato, temos um investimento total de R$ 16,2 bilhões. O foco desse plano
é incentivar a produção de alimentos, os que principalmente fazem parte da
alimentação tradicional do brasileiro como arroz, feijão, milho e mandioca. Um
braço importante do Plano Safra do Agricultor Familiar é o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf. Mas que ainda é muito pouco
quando obsevamos a quantidade de alimentos que os camponeses produzem. (De
acordo com o Censo Agropecuário de 2006, são 70% dos alimentos produzidos por camponeses
em 24% das terras utilizadas.)
IHU On-Line – Como vê a discussão acerca da reforma agrária no
Brasil? O que aconteceu com o Incra?
Tiago
Cubas –
Não se trata do que aconteceu com o Incra. Esse Instituto sempre esteve
amarrado pelas correntes do Estado capitalista. Na verdade, a pergunta deveria
ser: o que aconteceu com a função social e de denúncia da imprensa? Onde os
governos têm investido capital: no agronegócio ou no campesinato? As políticas
de obtenção de terra no Brasil são irrisórias quando comparamos isso com o
poder de cooptação do agronegócio em franca expansão dos seus territórios. O
protagonismo da luta camponesa, que faz frente a essa expansão, de 1988 a 2009
em São Paulo, teve 1312 ocupações com 193.516 famílias, uma média de 147,5
famílias por ocupação, sabendo que 70% aproximadamente foram coordenadas pelo
MST. E essa parte da história é frequentemente ocultada pela imprensa, e isso
revela parte importante da discussão do conceito de reforma agrária para os
movimentos socioterritoriais.
Desse
modo, o que o governo chama de reforma agrária são, em sua maioria, políticas
de obtenção de terra, e só. Reforma agrária é quando acontece a desconcentração
fundiária, e a política da desapropriação de terras é um raro exemplo disso. Os
governos brasileiro e paulista deixaram há muito tempo essa pauta. Enquanto a
luta continua denunciando aspectos degradantes do formato do agronegócio, além
da exploração do trabalhador e grilagens de terras, o discurso do crescimento
econômico tem tomado a frente do desenvolvimento socioterritorial. Isso ocorre
de tal modo que somente desapropriar e conceder assentamentos não é suficiente
sem políticas de auxílio ao desenvolvimento do modelo camponês de produção
social e econômica.
IHU On-Line – Em que consistiriam políticas públicas eficientes
para o desenvolvimento da agricultura familiar em São Paulo?
Tiago
Cubas –
Sob um olhar teórico, seriam políticas que não fossem meramente compensatórias
ou assistencialistas. Políticas públicas emancipatórias e que forneçam ao
pequeno produtor camponês o espaço para manter a defesa do conceito da
soberania alimentar, para garantir seu modo de vida (cultura, tradições, etc.),
sobretudo políticas que criem novas possibilidades de mercados não
capitalistas.
Temos
visto algumas iniciativas importantes e que consideramos políticas públicas
emancipatórias, como o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e o Programa
Nacional de Educação na Reforma Agrária – Pronera, que, através de cursos
superiores em parceria com universidades públicas para os assentados, fazem
parte da luta pela terra. Esses dois programas são exemplos de conquistas dos
movimentos socioterritoriais que evidenciam a disputa por dois modelos
distintos de sociedade: o modelo camponês e o capitalista agrário. Recentemente,
de 2010 a 2012 tive a oportunidade de trabalhar no Curso Especial de Geografia
para Assentados – parceria Incra/Pronera/Unesp), que formou neste ano mais de
40 assentados na graduação em Geografia os quais têm atuado em suas
comunidades, fazendo o ensino e conhecimento camponês. São profissionais que
qualificaram a sua militância nos movimentos de que participam. Isso tudo é
resultado de uma luta histórica por territórios que hoje se instala também no
Congresso Nacional por políticas públicas diferenciadas.