sábado, 16 de junho de 2012

ADOECIMENTO NO TRABALHO FRIGORÍFICO




Em recente decisão, a Vara do Trabalho de Toledo (RTOrd 1911/2010) reconheceu a ocorrência de doença ocupacional em um dos trabalhadores da empresa SADIA S/A.
O laudo médico pericial perito concluiu pela existência de nexo concausal entre o trabalho e as doenças Lombociatalgia e Tendinopatia de tensão supra espinhoso/bursite de ombro direito, apresentadas pelo reclamante e que são responsáveis pela dor crônica que o mesmo apresenta.
Explicou ainda o perito que "A partir do relato colhido, avaliou-se as condições de trabalho e o gestual das atividades realizadas pelo Reclamante, e pode-se constatar que o mesmo realizou atividades que exigiam postura ergonomicamente inadequada, contratura estática, gestos repetitivos. Destarte, evidencia-se que os mecanismos fisiopatológicos das doenças Lombociatalgia e Tendinopatia do tendão supraespinhoso/Bursite de ombro direito que o Autor possui, estão presentes nestas atividades realizadas pelo mesmo, e contribuíram para agudização das patologias citadas, caracterizando a Concausa".
Importante salientar que a organização do trabalho neste tipo de empresa, geralmente ocorre em linhas de produção, especialmente nas nórias, onde os frangos são pendurados e o ritmo de trabalho é imposto aos funcionários.
Discute-se ainda a implementação de uma NR específica para este setor, visando instituir pausas obrigatórias durante a jornada de trabalho e outras regras que visam a saúde do trabalhador do setor.


Para saber mais:

§  A territorialização do frigorífico de aves da Copagril em Marechal Cândido Rondon (PR): precarização do trabalho e desrespeito à legislação trabalhista - RESUMO  PDF






Assistam aos vídeos:

Carne e Osso (parte 1 e 2)
http://www.youtube.com/watch?v=VEMCusBprw0&feature=related

Linha de Desmontagem
http://www.youtube.com/watch?v=BYHel1oZ62o&feature=related

GREVE NA USINA DECASA



Evandro C. Pedro
Licenciado e Bacharelando em Geografia

Descumprimento de diversos acordos e desrespeito a leis trabalhistas são motivos da paralisação.
Nesta manhã houve paralisação do trabalho na usina Decasa – Açúcar e Álcool. A usina localizada em Marabá Paulista, município localizado a 640 km da capital paulista. As frentes de trabalho, 45 turmas cruzaram os braços, ultrapassam mais de 700 trabalhadores. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Presidente Venceslau e Marabá Paulista acompanha a movimentação dos trabalhadores, seu representante Rubens Germano, apresentou a pauta com as seguintes reivindicações:

FGTS – A usina não recolhe a mais de 4 (quatro) anos.
INSS – Sem recolhimento pelo período de 4 (quatro) anos.
Férias – Trabalhadores com duas férias vencidas sem recebê-las, não pagando-as e nem deixando gozar desse direito garantido pela CLT.
Cesta Básica – Alguns produtos com qualidade inferior ao acordado entre a empresa e os sindicatos.
Diária – Trabalhadores não estão conseguindo atingir a produção necessária que ultrapasse os salário. Sendo que a empresa não completa para o mesmo receber pelo menos o salário-base.
Portaria do MTE – Descumprimento do que consta na portaria do Registro de ponto.
Transporte – Em péssimas condições, pondo em risco a vida do trabalhador. Muitos não possuem água potável.
Ambulância – Nos locais de trabalho não há ambulâncias caso os trabalhadores necessitem.
Preço da cana – A empresa não cumpre o preço acordado e nem o ágio.
Atestado – Falta de pagamento de atestados. Os trabalhadores recebem falta nos dias que necessitam de assistência médica.

Contradições na entrega do Selo de boas práticas

Destacamos que na data de hoje, acontece em Brasília, à cerimônia de entrega do selo de boas práticas com os trabalhadores e o meio ambiente, às indústrias de cana-de-açúcar no Palácio do Planalto, com a presença da presidenta Dilma Rousseff, do senador José Sarney (PMDB-AP), do ministro da Secretaria-Geral da Presidencia, Gilberto Carvalho, entre outras autoridades.
A usina Decasa é uma das 169 empresas do setor que será agraciada com o selo “Empresa Compromissada”. A cerimônia reconhece às ações que beneficiam o trabalhador de cana-de-açúcar, concedido pela Comissão Nacional de Diálogo e Avaliação do Compromisso Nacional. O acordo foi firmado pela primeira vez no ano de 2009 entre governo federal, representação dos trabalhadores e empresários do setor.

Descumprimento dos Acordos

A paralisação dos trabalhadores da empresa Decasa – Acúcar e Etanol se fundamentam numa série de descumprimentos de Acordos Coletivos da Categoria e também de compromissos já firmados com o governo federal. Isso demonstra a rentabilidade da grande exploração rural e acordos assinados no papel, não tem relação necessária de validade com as melhorias e condições dignas de trabalho.