A fábrica da montadora coreana Hyundai em Piracicaba, no interior de São Paulo,
enfrenta sua primeira greve. Em operação desde 20 de setembro, mas inaugurada
oficialmente na sexta-feira, a empresa teve a linha de montagem totalmente
paralisada ontem, num momento em que tenta ampliar a produção do compacto HB20, que tem fila de espera até fevereiro.
A reportagem é de Cleide Silva e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 14-11-2012.
Os cerca de mil funcionários do primeiro turno da produção, que começaria às 6 horas da manhã de ontem, não entraram para trabalhar, após assembleia que recusou a proposta da empresa de piso salarial de R$ 1,6 mil. O mesmo ocorreu com os 800 trabalhadores do segundo turno, que teria início às 17h. Hoje, uma assembleia pela manhã analisará possível nova proposta da empresa para decidir se os trabalhadores mantêm a greve.
Os cerca de mil funcionários do primeiro turno da produção, que começaria às 6 horas da manhã de ontem, não entraram para trabalhar, após assembleia que recusou a proposta da empresa de piso salarial de R$ 1,6 mil. O mesmo ocorreu com os 800 trabalhadores do segundo turno, que teria início às 17h. Hoje, uma assembleia pela manhã analisará possível nova proposta da empresa para decidir se os trabalhadores mantêm a greve.
O salário médio pago na fábrica
atualmente é de R$ 1,2 mil. "Estamos negociando desde abril e agora os
trabalhadores querem um piso maior, de R$ 1,8 mil", diz Hugo Liva Junior, tesoureiro do Sindicato dos
Metalúrgicos de Piracicaba.
Segundo Liva, em agosto os sindicalistas pediam piso de R$ 1,6
mil, equivalente ao pago nas outras duas montadoras da região (Honda e Toyota), mas como os
funcionários dessas fábricas tiveram data-base em setembro, seus salários foram
reajustados para R$ 1,7 mil a R$ 1,8 mil.
Para os funcionários da Hyundai, a data-base é novembro. Os cerca de 3 mil
trabalhadores das empresas de autopeças instaladas ao redor da fábrica já
negociaram a data-base - piso médio de R$ 1,2 mil - e não participam da greve.
Fila
A fábrica produz 34 veículos por
hora, pouco mais de 600 por dia. A Hyundai tem
meta de fabricar 26 mil veículos até dezembro, mas tem cerca de 50 mil unidades
encomendadas pelos concessionários. O consumidor que tenta comprar um HB20 hoje
tem de esperar no mínimo até fevereiro. O gerente de Relações Públicas e
Imprensa da Hyundai, Maurício Jordão,
afirma que a empresa ficou surpresa com a paralisação, já que as partes estavam
em processo de negociação. "A empresa avalia a possibilidade de apresentar
uma nova proposta e espera o fim da greve para amanhã (hoje)."
Segundo ele, a empresa se propôs a
reajustar os salários em 8,1% neste mês, em 5% daqui a seis meses, mais 5% em
12 meses e mais 5% em um ano e meio. "Essa proposta foi aceita pelo
sindicato, mas rejeitada em assembleia." Jordão afirma
que a Hyundai vai recuperar a produção perdida nas
próximas semanas, provavelmente com horas extras.
Liva ressalta que, além do piso salarial, o sindicato negocia a redução da
jornada de 44 para 40 horas semanais e Participação nos Lucros e
Resultados (PLR). "A empresa já falou em R$ 10 mil para 2013,
mas não aceitamos", disse o tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de
Piracicaba. Outro tema que, segundo ele, está no Ministério do Trabalho é o
assédio moral que os funcionários estariam sofrendo na fábrica. "Os
coreanos não conseguem trabalhar com a nossa cultura", diz.
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