Com
informações de Mauro Burlamaqui
e
Dirceu Arcoverde/ TST
Chegaram
ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) no início da noite desta segunda-feira
(11) petições das empresas Basf e Raizen Combustíveis (Shell) e do
Sindicato/Associação dos Trabalhadores vítimas de exposição à contaminação
química em fábrica de Paulínia (SP). As partes se manifestaram favoravelmente à
proposta de conciliação acordada em audiência realizada no TST no último dia 5.
Na
audiência, após chegarem a um acordo, os representantes das partes ficaram de
levar a proposta às suas direções (no caso das empresas) e aos trabalhadores e
vítimas (no caso do sindicato) e de responderem até esta segunda-feira se
aceitavam os termos da proposta. As petições estão sob análise da relatora,
ministra Delaíde Miranda Arantes.
Principais
pontos
Por
danos morais coletivos, as empresa pagarão indenização de R$ 200 milhões, dos
quais R$ 50 milhões serão destinados à construção de um hospital maternidade
que, após sua conclusão, será doado com todos os equipamentos ao município de
Paulínia (SP). Os R$ 150 milhões restantes serão divididos em cinco parcelas
iguais anuais de R$ 30 milhões. O valor será dividido igualmente entre o Centro
de Referencia à Saúde do Trabalhador em Campinas (SP) -CREST (R$ 75 milhões) e
a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho
-Fundacentro (R$ 75 milhões).
Por
danos morais e materiais individuais foi fixado um valor referente a setenta
por cento do valor estabelecido em sentença, acrescidos de juros e correção
monetária desde a data publicação da sentença.
Ficou
estabelecida, também, a prestação universal e prévia à saúde dos 1.068
trabalhadores reconhecidos hoje e habilitados pela decisão do juízo da 2ª Vara
do Trabalho de Paulínia (SP) em antecipação de tutela.
Foi
acordado ainda que as vítimas que mantém ações individuais em que pleiteiam
assistência médica em razão da contaminação ambiental poderão habilitar-se nos
termos do acordo até trinta dias da homologação.
Processo
teve início na 15ª Região
No
final da década de 70 a Shell instalou uma indústria química nas adjacências do
bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia, município próximo a Campinas. Em
1992, após a Shell vender os ativos para a multinacional Cyanamid, começou a
ser discutida a contaminação ambiental produzida na localidade, até que, por
exigência da empresa compradora, a Shell contratou uma consultoria ambiental
internacional, que apurou a existência de contaminação do solo e dos lençóis
freáticos de sua planta em Paulínia.
Em
seguida a empresa apresentou uma auto-denúncia da situação à Curadoria do Meio
Ambiente de Paulínia, da qual resultou um Termo de Ajustamento de Conduta. No
documento, a Shell reconhece a contaminação do solo e das águas subterrâneas
por produtos denominados aldrin, endrin e dieldrin, compostos por substâncias
altamente cancerígenas -também foram detectadas contaminações por cromo,
vanádio, zinco e óleo mineral em quantidades significativas.
Em
abril de 2011, a 4ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região
manteve por unanimidade sentença da 2ª Vara do Trabalho de Paulínia, condenando
as empresas Shell Brasil Ltda. e Basf S.A. a custear todas as despesas
relacionadas ao tratamento de problemas de saúde advindos da contaminação do
solo onde as empresas operaram por cerca de 25 anos.
Uma das
partes do recurso ordinário era Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª
Região, que propôs em 2007 a ação civil pública (ACP), buscando responsabilizar
os empregadores pelo acompanhamento médico privado dos seus ex-empregados e
garantir os direitos dos trabalhadores e suas famílias.
(Processo:
RR 22200-28.2007.5.15.0126)
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